27/08 - prólogo

Bom, é isso aí, amiguinhos, estamos aqui na função novamente!
Depois da viagem para o Oriente desacontecida pelo endurecimento da China com Hong Kong e Taiwan, e em seguida pela covid. Viagem que não sei se vai acontecer porque a coisa com a China só parece piorar, o que limitaria a viagem a Japão, Coréia do Sul e um ou outro paisinho onde não há muito o que fazer além de comer baratas e ser comido por pernilongos.
Depois daquela viagem de merda de 15 dias do ano passado pros Estados Unidos, com a maior parte do tempo passada dentro de ônibus, para chegar a algum lugar distante e encontrá-lo fechado por causa dos feriados, ou passar 10 minutos por ali e depois encarar mais 40 minutos de ônibus para voltar para mais 10 minutos de uma coisa qualquer. Mas deu pra comer uns McFishes, que, assim como está prestes a acontecer com a democracia, aqui no Brasil não tem mais.
Por imperdoável distração e idiotia de minha parte, eu não havia incluído uma maratona nas últimas duas viagens (apesar de, na penúltima, depois ter me dado conta de que perdi a de Melbourne por uma diferença de poucos dias), então decidi que esta seria a viagem para tirar o atraso, como a gente faz com a comida depois de passar 16 horas sentindo fome no jejum intermitente, ou como deve fazer com a masturbação depois de passar um mês com as mãos imprestáveis, recobertas de pústulas da varíola do macaco. Sei lá nunca me aconteceu, mas pelo visto é questão de tempo.
Quatro maratonas em 5 semanas. Seriam cinco, mas a de Berlin já estava mais cheia de inscritos do que o Ministério da Educação de pastores argentários. Mais dois parques de diversões, porque nunca é tarde demais pra pagar de tiozão patético sentindo náusea lá em cima na montanha russa ao lado da criançada. E minha tradicional missa anual, claro. porque não só o capitão tem o direito de ser um católico de mentirinha.
O tema deste ano é a máscara de caveira. Pra lembrar dos esquálidos e cadavéricos donos dos cachorros que avançam sobre e saem correndo atrás de mim quando estou correndo lá nas imediações do CEAGESP. Para antecipar minhas futuras feições em decorrência desta dorzinha que ando sentindo aqui na virilha esquerda e que pode finalmente ser meu já tão atrasado câncer. Mas, como vaso ruim não quebra, provavelmente é só uma distensão que vai ficar me enchendo o saco na viagem e me atrapalhando nas corridas. Para homenagear as centenas de milhares de mortos por covid neste nosso país a caminho de mais 20 anos de ditadura necromiliciana. Ou simplesmente porque não encontrei uma máscara bacana do Putin mesmo, e porque uma máscara chinesa de monstro muito mais maneira, importada da China, não foi enviada. Filhos da puta.

Meu veterano iPad 2, que está comigo desde a remota época em que minhas ereções eram frondosas, copiosas e confiáveis, dá cada vez mais sinais de senilidade. Provavelmente vai me deixar na mão sem coisas para ler ou assistir nas intermináveis horas-bunda passadas dentro de um ônibus me ligando de uma à outra das 27 cidades que visitarei nesta viagem. Pinga-pinga contraproducente e caro que, ano após ano, prometo a mim mesmo não voltar a repetir, mas que, no ano seguinte, repito pior ainda.
Na excruciante jornada de ficar reiteradamente ligando pra central de atendimento do Santander porque a desinteligência artificial deles suspeitava de e bloqueava minhas compras destas passagens todas, me ofereceram promover meus cartões de crédito para a categoria superblack fodão total, que dava direito à sala VIP do aeroporto, e lá fui eu topar, susceptível às migalhas de agrado que o bom marketing atira aos nossos pés. Agora, depois do fim das férias, tenho que retornar os cartões à categoria ser humano comum, porque pra ser isentado da anuidade eu teria que gastar 20.000 reais por mês, o que não me seria plausível nem se cheirasse muita cocaína mesmo. Mas, enquanto isto, tem boca livre.

Que nem foi tudo isto. Uns pãezinhos de queijo, croissants e sanduichinhos pouco inspirados, uns bolos de cortar a fatia meio doces demais. Lounge (pra dar o devido tom de empáfia) cheio, fila pra entrar, garçonetes de tez nem tão morena vindo perguntar em tom de voz baixo e subserviente se podiam tirar o pratinho.
Tinha até uns drinques, que, apesar de minha falta de paladar para bebidas alcólicas, resolvi experimentar, pra não passar batido. Gim não tem gosto de nada.

Em momentos como este, fico achando que votar no Ciro Gomes não é suficiente. Tem que ser o cara do PCO, a gente não vai tomar vergonha na cara sozinhos nunca.


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