07/09 - Groningen
Ah, Groningen... Cuja única referência que eu tinha para me inspirar a visitar era uma gravação pirata de um show dos Cocteau Twins feito aqui na cidade. Por motivo semelhante, ainda vou inventar de ir parar em Grangemouth, na Escócia, porque se todo muçulmano uma vez na vida tem que peregrinar a Meca, onde Maomé fez sei lá o que, todo ser humano com um fiapo de senso estético na alma deveria visitar Grangemouth, após jejuar por 40 dias, para prestar reverência ao sublime.
O banheiro, óbvio, não é no quarto. Mas se nos outros hotéis até aqui o desafio era percorrer o corredor do andar sem passar por alguma velhinha, só de toalha enrolada na cintura, aqui tem que sair no meio do mato, no escuro, arriscando pisar num escorpião. Lembrou-me a hoje não tão saudosa Fazenda Babaçu, de meu falecido avô, umas 3 horas de viagem Mato Grosso adentro a partir da odienta cidade de Presidente Venceslau, onde uma privada de fossa numa cabaninha fora da casa aguardava o despejo de nossas fezes, e em cujo buraco repleto de merda lá embaixo eu, criança que era, morria de medo de acabar caindo.
Também não tem no chuveiro aquela gosma que não sai do corpo da gente que chamam sabonete líquido, o que me forçou a finalmente abrir o sabonete em barra que eu havia trazido do Brasil, e, pela primeira vez na viagem, consegui sentir meu corpo, depois do enxague, mais sequinho do que a vagina da primeira dama fica, ou deveria ficar, quando escuta aquele corinho de "imbroxável! imbroxável!" de nosso fofo führer.
Na cidade, a única coisa de graça é subir no terraço do SESCzão municipal deles. E que mesmo assim hoje estava inacessível por causa de uma sessão de cinema ao ar livre, paga, que estava acontecendo no local.
na cidade, pra cada pessoa caminhando, há umas 18 em cima de uma bicicleta. A grande dificuldade para atravessar a rua é o fluxo incessante de ciclistas, não de carros. Calçadas, frequentemente, não há. E, quando existem, geralmente estão intransitáveis devido aos montes de bibicletas estacionadas em cima delas.
O lugar mais exótico que já visitei foi a Nova Guiné, mas o hotel mais bizarramente bisonho certamente é este! Casinhas de madeira semelhantes a palafitas espalhadas por um terreno baldio que parece ter sido grilado, fechado por cercas de madeira que parecem meio artificiais, com charretes, carroças e vasta coleção de aves espalhadas pelo caminho, numa estética country fake de parque de diversões, como aquele cenário que a gente pega na fila do brinquedo que corre sobre a água e molha a gente toda na queda final.


Ah, também tem pernilongo no quarto. Eu viajei uns 10.000 km pra vir brigar com pernilongo no meio do mato na Holanda.


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