08/09 - Utrecht
Chuva durante as férias é que nem hemorróida. Você olha pra cima (ou, neste caso, pra trás), e acha que está tudo bem, firme, numa boa e confortável normalidade, e que você será poupado de um novo episódio por ao menos aqueles poucos e preciosos dias. Mas então o tempo começa a fechar, você vai ficando incomodado, ressabiado, e no dia seguinte, quando acorda, percebe que caiu o mundo dentro de sua cueca (ou, naquele caso, em cima do monte de terra batida daquela quase favela holandesa onde está o seu hostel alternativo, e que agora é um pântano sobre o qual você terá que caminhar e passar o resto do dia com os pés encharcados).
Mas já que a vida é feita de gratuitade, contingência, sofrimento, e pés molhados mesmo, ainda deu tempo pra ir pagar escorchantes 15 euros pra visitar uma exposição sobre os super-heróis da DC e achar que de alguma forma se está fazendo alguma vantagem em ficar lá olhando praquelas centenas de páginas de desenhos e esboços originais pendurados na parede em vez de simplesmente ler a revista finalizada, colorida, bonitinha, no conforto do sofá da casa da gente.
Ou que há algum fetiche naquela capa suja de suor usada pelo Christopher Reeve que justifique ficar lá com o nariz pertinho dela.
Utrecht é uma pequena pérola. Daqueles lugares que só ocorreria ao Aderbal visitar, nem ele mesmo sabe por que, completamente fora da rota turística da Holanda, apesar de ser a quarta maior cidade do país, se não me engano.
De atração turística não tem mesmo porra nenhuma, além de duas igrejas fechadas e uma torre em reformas, mas é um lugar extremamente agradável pra simplesmente flanar pelas ruas, tomar sorvete na lojinha da esquina, apreciar canais bem mais bacanas do que os de Amsterdam e os prédios mais novos com aquela arquitetura meio doida deles.
Caralho, eu falei bem de algo...
Não precisei tomar anti-inflamatório hoje. Com sorte, é sinal de que meu estiramento está melhorando, resultado de minha técnica bolsonárica de mostrar pra virilha quem é que manda aqui, porra, e continuar a forçá-la caminhando um monte até que ela desista de doer. Ou porque, na falta de simpatias, orações ou promessas às quais recorrer, me vali mesmo de minha pomada de betametasona, que friccionei selvagem e alucidadamente sobre a virilha esperando que de algum modo o corticóide penetrasse lá no fundo, chegando ao tendão inflamado. Provavelmente não vai nem passar da pele, mas já funcionou numa outra viagem, quando um dente que acabou dando canal estava me doendo tanto que eu urrava de desespero, como se o capitão, imbroxável, estivesse introduzindo em meu ânus, cédula por cédula de dinheiro em espécie, os 89 mil reais destinados pelo Queiroz à primeira dama. Besuntei então a gengiva com a pomada e fui dormir a noite inteira sentindo gosto de graxa. Mas a dor melhorou bem! Vai saber....
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