12/09 - Luxembourg

A virilha, por inacreditável que pareça, respondeu muito bem ao método Brilhante Ustra de dar porrada até ela aprender a se comportar. Só uma dor leve quando faço alguns movimentos, mas nenhuma fisgada ou limitação pra andar hoje. A planta do pé, novamente, deu um pouco mais de trabalho, andando em terrenos irregular com sola fina.
E cá estou eu de volta a Luxemburgo, uns 30 anos depois. Na primeira vez, antes da internet e dos smartphones, viajava com um passe da Eurobus, e tinha que agendar com o motorista do ônibus, numa pranchetinha em papel, o próximo trecho da viagem, que imagino que depois ele tegrafasse, ou mandasse por pombo-correio, para a central da companhia. Noites e mais noite dormindo dentro de um busão, pra economizar a grana do hotel.
Passei acho que apenas um dia aqui, e a única memória que tenho da cidade é a música que, na época, eu ficava assobiando, que trinta anos depois vim a gravar e que permanece muito melhor na versão original.
Desta vez, até menos do que um dia na cidade, mas a sensação é de que explorei bem mais, até dar nos mesmos museus fechados porque é segunda-feira, ou já passava das 5 da tarde.
Luxemburgo é um emaranhado de ruazinhas, trilhas, pontes, caminhos e passagens absolutamente confusas. E ainda tem as cidades alta e baixa, e porções altas na cidade baixa e porções baixas na cidade alta, então procurar andar por aqui é como se perder em Veneza, se esta tivesse uns 8 andares.
Mas fica pior ainda! Hoje, finalmente, nos encorajamos a alugar bicicletas. Dois euros por 24 horas, ótima pechincha! Claro, tem que se cadastrar no site, cadastrar cartão de crédito, brigar com a maquininha que libera as bicicletas nos racks na rua, encontrar racks que tenha bicicletas disponíveis, o cagaço de toar uma multa por não saber onde pode e onde não pode pedalar, mas imagino que não seja diferente alugar bibicleta em São Paulo, e aí malandro ainda bota na sua testa uma submetralhadora que comprou dizendo ser um CAC e leva o bicho embora.
O hotel é um capítulo à parte de capitalismo bem-sucedido. O cara herda uma casinha mais ou menos afastada do centro, reforma pra ficar com 4 quartos, e um chuveiro e uma privada no corredor, e bota um anúncio no Booking.com.
Você paga adiantado, no cartão, recebe na véspera o código da fechadura eletrônica da porta da frente, e seu quarto está lá te esperando, com a chave na porta. No dia seguinte você vai embora, deixa a chave do quarto na porta novamente, provavelmente uma faxineira imigrante de Burkina Faso, contratada a preço vil, passa aqui pra uma arrumada, e começa tudo de novo. Zero frescura, zero estrutura, zero portaria, e o cafezinho ainda é de graça.
Pra fechar o dia, jantar mais ou menos num buffet oriental, a escorchantes 27 euros por cabeça, mais 4 euros por uma porcaria de uma garrafa de água, como se ela brotasse de algum orifício da Ana Paula Arósio, porque a garçonete não entendia, ou fingia não entender, uma palavra de inglês quando pedíamos água de torneira. E como é que se diz mesmo torneira em francês?
A solução foi então comprar a primeira garrafa, e depois ficar indo até o banheiro reabastecê-la. E levar escondida na mochilinha a maior quantitade possível de sobremesas do buffet, pra tentar diminuir o prejú. Filhos da puta.

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