17/09 - Vaduz


Ah, Liechtenstein.... Quem é gourmet amador vai lá no Guaianazes Mall Shopping e pede Big Mac, com o pepino e tudo. Gourmets mais veteranos têm uma dieta baseada em croquete Febo e jujubas Jelly Belly, com eventuais colheradas de sorvete Ben & Jerry's. Viajante iniciante vai lá pra Disney cutucar com o dedo o fuleco do Mickey. Mas viajantes experimentados não podem se dizer consumados enquanto não tiverem mijado no poste, colando um chiclete mastigado embaixo alguma cadeira, de Liechtenstein!
Um projeto iniciado acho que em 2014, com um roteiro de viagem que seria muito semelhante ao trajeto da segunda metade destas presentes férias, e terminaria na Inglaterra, incluindo o cruzamentanto do Canal da Mancha em barco. Nem lembro bem por que, mudei de planos, acabei fazendo só o segundo trecho daquele traçado, e Liechtenstein voltou para gaveta, até hoje.

Depois de vir praqui, cheguei a pensar que teria lacrado completamente dois continentes, Oceania e Europa! Seria mais ou menos o equivalente a ter pêgo todas as colegas da turma 76, mais, de brinde, as calouras da faculdade de Enfermagem do ano seguinte. Mas não, lastimavelmente ainda não cheguei lá. Refletindo mais atentamente, ainda me restam o Kosovo, destino bastante improvável num futuro plausível, San Marino, que é um cocozinho insignificante encravado no traseiro da Itália, e, principalmente, esta sim está no radar, Malta! aguardem-me!

Se havia um dia para torcer por bastante sol neste viagem, este dia foi hoje, já que 80% da graça de Liechtentein é a longa caminhada cênica daqui de Buchs até Vaduz. Não dei assim tanta sorte. Dia basicamente nublado, com umas pancadas de chuva (mas resolvi tirar o agasalho impermeável da mochila, vestir uns sacos de lixo por baixo das meias e que se fodessem as poças d'água), mas também momentos de um sol vultoso e embelezante aqui e ali, que ajudaram a construir a memória da bonita paisagem, que eu torcia para encontrar.

Vaduz, em si, é uma rua. Menos ainda, uns dois quarteirões de uma rua, mais a subida até o castelo. O resto é clima e paisagem.
Para um país tão fora da rota convencional, do qual se diz não receber muitos visitantes, todas as (poucas) pessoas que vi na rua eram turistas. E o mais bisonho ainda estava por vir: Brasileiro é que nem hemorróida: você vai até o cu do mundo e o que encontra lá na pontinha? Brasileiro é que nem piolho, quando menos espera entra um na sua orelha. Paramos em um restaurante para comer uma pizza e o que havia lá dentro? Dois casais de brasileiros, com pinta de que iam voltar pra casa em tempo só pra votar no Bolsonaro, falando alto na mesa ao lado.

Vi aqui coisas inusitadas: o finalzinho de uma missa, celebrada em inglês. Um museu de selos do país (lembram que antes do e-mail existiam coisas chamadas cartas, e que a gente lambia não um clitóris, mas aqueles quadradinhos chamados selos, e quando eles ficavam melecados como um clitóris depois de lambido, eram colados no envelope?). O próprio principado é curioso: tem um congresso e uma constituição, mas não um presidente ou primeiro ministro eleito. O governante é de fato o príncipe, cargo hereditário, como uma Rainha Elizabeth, que deus a tenha, sem o Boris Johnson. Se o capitão souber, vai começar a ter ideias...

A dificuldade com os dinheiros continua. em Liechtenstein (e, fui descobrir só mais tardiamente, na maioria dos lugares na Suíça), aceitam pagamento em euro, mas o troco tem que ser em francos. E aí o que a gente faz com esta merda quando vai embora daqui? Pedi um RostiBurger, sanduíche local do Burguer King, com a intenção de depois gastar o troco no supermercado comprando umas porcarias pra comer, e engordar, amanhã. Mas que supermercado? Todos fechar às 5 da tarde. E não abrem aos domingos! Qualidade de vida, nos disse o senhorzinho português de um armazém no qual entramos pra tentar desovar os francos restantes. Tenho pena dos suíços, que não aguentam mais as esposas mas já se vêem condenados a passar o fim de semana trancados com elas em casa desde às 5 da tarde do sábado, como num lockdown de covid que se repete semanalmente.

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