17/09 - Vaduz

Se havia um dia para torcer por bastante sol neste viagem, este dia foi hoje, já que 80% da graça de Liechtentein é a longa caminhada cênica daqui de Buchs até Vaduz. Não dei assim tanta sorte. Dia basicamente nublado, com umas pancadas de chuva (mas resolvi tirar o agasalho impermeável da mochila, vestir uns sacos de lixo por baixo das meias e que se fodessem as poças d'água), mas também momentos de um sol vultoso e embelezante aqui e ali, que ajudaram a construir a memória da bonita paisagem, que eu torcia para encontrar.
Vaduz, em si, é uma rua. Menos ainda, uns dois quarteirões de uma rua, mais a subida até o castelo. O resto é clima e paisagem.
Para um país tão fora da rota convencional, do qual se diz não receber muitos visitantes, todas as (poucas) pessoas que vi na rua eram turistas. E o mais bisonho ainda estava por vir: Brasileiro é que nem hemorróida: você vai até o cu do mundo e o que encontra lá na pontinha? Brasileiro é que nem piolho, quando menos espera entra um na sua orelha. Paramos em um restaurante para comer uma pizza e o que havia lá dentro? Dois casais de brasileiros, com pinta de que iam voltar pra casa em tempo só pra votar no Bolsonaro, falando alto na mesa ao lado.
Vi aqui coisas inusitadas: o finalzinho de uma missa, celebrada em inglês. Um museu de selos do país (lembram que antes do e-mail existiam coisas chamadas cartas, e que a gente lambia não um clitóris, mas aqueles quadradinhos chamados selos, e quando eles ficavam melecados como um clitóris depois de lambido, eram colados no envelope?). O próprio principado é curioso: tem um congresso e uma constituição, mas não um presidente ou primeiro ministro eleito. O governante é de fato o príncipe, cargo hereditário, como uma Rainha Elizabeth, que deus a tenha, sem o Boris Johnson. Se o capitão souber, vai começar a ter ideias...
A dificuldade com os dinheiros continua. em Liechtenstein (e, fui descobrir só mais tardiamente, na maioria dos lugares na Suíça), aceitam pagamento em euro, mas o troco tem que ser em francos. E aí o que a gente faz com esta merda quando vai embora daqui? Pedi um RostiBurger, sanduíche local do Burguer King, com a intenção de depois gastar o troco no supermercado comprando umas porcarias pra comer, e engordar, amanhã. Mas que supermercado? Todos fechar às 5 da tarde. E não abrem aos domingos! Qualidade de vida, nos disse o senhorzinho português de um armazém no qual entramos pra tentar desovar os francos restantes. Tenho pena dos suíços, que não aguentam mais as esposas mas já se vêem condenados a passar o fim de semana trancados com elas em casa desde às 5 da tarde do sábado, como num lockdown de covid que se repete semanalmente.
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