01/10 - Kassel

Mais uma vez hoje, a rodoviária acabou não se mostrando próxima do hotel, e tampouco o estádio onde deveria buscar meu material e de onde sai a corrida amanhã é próximo de algum dos outros dois, formando um grande triângulo com eles. Umas tantas vezes escolhi os hotéis tendo a estação central de trem como referência, mas, não só aqui, várias das rodoviárias têm sido mais periféricas e fora de mão. Então, chegando a Kassel, toca andar 3,5 km até o estádio, com a mochila no lombo e a virilha novamente doendo. 
Das quatro maratonas, justo a de Kassel, que eu intuía que seria a mais organizada, dado que germânica, acabou por enquanto parecendo a mais provinciana. Todo o material, desde o site do evento, passando por todo material impresso e toda a comunicação com os inscritos, unicamente em alemão, como se nem lhes passasse pela cabeça que algum forasteiro tivesse interesse em participar. O percurso, preguiçoso, é de assumidas duas voltas num trajeto menor. O material, limitado ao número para a camiseta e umas bobaginhas como adesivos e uma pastilha energética, sem aquela profusão de isotônicos e energéticos e águas com magnésio e o caralho de Varsóvia. A verificar a corrida em si, mais notícias amanhã.
No caminho de volta, ecoando a tendência do Brasil de não respeitarem o resutado da eleição, resolvi desrespeitar a lei e tomar o bonde até o hotel sem pagar. Com aquele cagação de ser multado, ao mesmo tempo achando improvável que o fiscal fosse eleger uma tarde de sábado para resolver punir eventuais espertinhos. E gostei tanto da brincadeira que já tomei clandestinamente mais duas vezes o bonde até o momento, sempre meio numa tentativa e erro sobre para onde ele está seguindo, porque o Google Maps aqui não aponta rotas que claramente existem.
Depois de tomar um afastão de um vôzinho distímico mascarado no vagão porque havia me aproximado dele, com minha possível covid, e percebido quase todas as pessoas vestindo máscaras nos bondes, outro passageiro me confirmou que por aqui elas ainda são obrigatórias no transporte público. Passei o dia sendo duplamente contraventor, então.
Para o almoço, encontrei um all you can eat japonês, também conhecido aí pelas paragens verdes e amarelas como "rodízio", mas todo tecnológico. Em vez de um garçon anotando em um celular quais pratos devem ser trazidos ou não, pede-se direto de um tablet deixado com a gente na mesa, como se se estivesse fazendo uma compra na Amazon, com um "carrinho" e um botão de "efetuar o pedido" e tudo. Com direito a 12 itens por rodada, e a necessidade de aguardar 10 minutos antes de iniciar a próxima. Interessante ter quase que fazer um curso introdutório antes de conseguir pedir a comida.
Mais uma vez em que deveria estar poupando as pernas, ainda decidi maltratá-las e usá-las para ir visitar o Bergpark, patrimônio cultural na lista da Unesco, algo como um inventário paralelo das 7 maravilhas do mundo, mas com um número bem maior de lugares, porque a sociedade de consumo exige abundância. Indiscutivelmente o parque mais bonito dentre as centenas pelos quais já passei nesta viagem, mas para chegar ao Herkules lá no fundão dele, era necessário subir algo como uns 50 andares de degraus, e obviamente descê-los depois, já exigindo da musculatura que  mais massacrada fica depois de uma maratona um adiantamento que talvez pese sobre meu desempenho amanhã.
Amanhã, aliás, quando aí na Bolsolândia deve começar a baderna após a confirmação do resultado da votação. Que os defensores do armamento da população sejam os primeiros a tomar seu merecido tiro.

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